sexta-feira, 30 de junho de 2017

Um futuro em que a evolução seja o passado


Imagine um lugar no passado que só seria possível no futuro. Um lugar sem o excesso de tecnologia, sem computadores, sem a explosão de informações que desinforma. Para muitos seria insuportável, mas não para todos.
Prevejo um futuro repleto de comunidades que estarão saturadas de tantos bytes. Em que as pessoas voltarão a olhar nos olhos umas das outras e conversar sem olhar as atualizações de um dispositivo móvel. 
Uma ruptura total entre ser e máquina. 
A tecnologia a cada dia se apropria mais e mais do seu dia. Para algumas pessoas ela se tornará tóxica. 
O mundo a cada dia é mais composto por comunidades dos mais variados gêneros e ideologias. Fragmentado. 
E haverá uma comunidade que irá desacelerar. E novos grupos surgirão. 
A sociedade do consumo cria a cada dia novos mecanismos que substituem os humanos por máquinas. As máquinas sempre serão mais produtivas. E assim, pouco a pouco, o ser humano em muitas de suas funções se tornará dispensável. 
Muitos cientistas querem tornar-se Deus. Humanizam robôs e desumanizam a si mesmos. O afeto falso de máquinas será uma realidade ainda mais deplorável. E muitos irão aderir. No oriente, principalmente no Japão isto é uma obsessão. Já está virando realidade. As consequências disto serão graduais. 
Aos poucos, um robô aparece ajudando um idoso. Tudo será lindo e todos irão aplaudir. 
Em seguida, aparecerá robôs sendo vendidos em todos os lugares e para todas as finalidades. Será a era robótica. Muitos irão gostar e muitos irão odiar. 
O seleto grupo de pessoas que estiver ganhando dinheiro gostará mais. Haverá todos os tipos de robôs à venda. 
E assim muito se perderá. A ruptura mostrará um novo caminho. 
Um caminho que já existiu há tempos, no passado. 
E esta será a trajetória das comunidades saturadas de tanta "evolução". 
As pessoas querem evoluir, mas não se perguntam para onde toda esta tecnologia nos leva. 
É uma inteligência, envolta em ganância e estupidez. 
"Existe um tempo para ousadia e um tempo para cautela, e o homem sábio sabe o momento de cada um deles". (Sociedade dos poetas mortos)

Stefan

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Inspiração é às vezes ter maluquez controlando a lucidez



Raul Seixas sempre será uma inspiração.
Um cara que escreveu:
"Enquanto você 
se esforça pra ser 
um sujeito normal 
e fazer tudo igual. 
Eu do meu lado 
aprendendo a ser louco. 
Um maluco total. 
Na loucura real. 
Controlando 
a minha maluquez, 
misturada 
com minha lucidez. 
Eu vou ficar com certeza 
Maluco beleza"
Estes versos são de uma profundidade oceânica. O maluco beleza está dentro de todos nós. Ele filosofou e criou uma obra-prima que o próprio Paulo Coelho invejou. O escritor disse certa vez que gostaria de ter feito esta música. Raúl escreveu. 
Descreveu uma humanidade quicá lúcida com temperos em doses distintas de loucura. E quem é totalmente SÃO neste mundo doentio? Onde os "normais" se entorpecem de remédios e só conseguem viver na tarja preta...
Onde crianças são criadas no meio do consumo e na contramão do amor e do calor humano.. aprendem a barganhar desde cedo... onde roubar milhões é um ato mais perdoável do que roubar para sobreviver... onde ver pessoas catando comida na lixeira, sem moradia é absolutamente normal enquanto construímos estádios bilionários para virar elefantes brancos...
Realmente nem precisava comprovar que o ser humano usa apenas 10% de sua capacidade cerebral. Talvez nem isto. 
Enquanto é mais interessante criticar a mulher que amamenta seu filho na rua do que se indignar com os caixas 2, 3, 4, 5 e por aí vai que existem para bancar a vida luxuosa dos corruptos que nos des-governam, eu sou obrigado a dizer que os lúcidos que aí estão são mais loucos que imaginam. 
E como eu discordo de todo esse protocolo imbecil socialmente aceitável, prefiro em 10 mil anos de vida ficar com certeza, maluco beleza. 
O maluco beleza deve ser mais aceito, pois sente que o mundo está do avesso. Questiona e se indigna. 
O cartão de crédito continuará proporcionando falsas alegrias momentâneas. Até quando?
Desacelerar é preciso. Neste ritmo alucinante ninguém sabe para onde vai. "Envelheçam!" Disse Nelson Rodrigues aos jovens. Por um mundo com menos instagram stories. Às vezes me pergunto onde as pessoas arranjam tanto tempo para postar tanta coisa "útil". 
O clamor social não existe enquanto o povo está colocando orelhinhas de coelhos e olhinhos postiços nas postagens. Enquanto isso podem roubar nosso país que tá tudo certo. Alguma semelhança com os índios que receberam espelhos dos portugueses enquanto eles levavam toda nossa riqueza e muito mais? 
E um dia ouvi um cidadão dizer que índio não presta. É tudo inútil! Disse. 
Acho que ele ainda não viu o instagram. 
Esse país só para quando bloquearem as redes sociais. Gostaria de ver o que aconteceria se num belo dia o facebook, o whatsapp e o instagram fossem desativados. Aconteceria a maior revolução deste país. Diretas já seria fichinha. 
Milhões nas ruas clamando pela vida (virtual) roubada. 

Stefan

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Quando o ser humano se transforma em uma empresa



Liguei a televisão e estava passando uma entrevista de Marília Gabriela com uma garota de programa. Uma declaração da entrevistada me chamou a atenção. Ela afirmou: "Hoje sou uma empresa"
Em tempos de Marketing Pessoal não é estranho que profissionais das mais diversas áreas se transformem em pessoas jurídicas. 
Cabe uma reflexão: empresas não têm sentimento, visam o lucro e possuem um olhar cada vez mais macro e voltado às mudanças de mercado. 
Quando o ser humano se transforma em uma empresa ele absorve grande parte dessas características. Perde sua humanidade e sua originalidade. É um graveto que balança de acordo com o soprar do vento. 

As cifras podem ser como ervas daninhas. Neste caminho tortuoso de sobrevivência é tarefa importante não deixar os valores para trás. 
A essência não é comercial. Nem tudo se compra, nem tudo está a venda. 
Rubem Alves dizia: "Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa". 
Há crianças que perdem a infância satisfazendo a vontade dos pais de serem famosos e estarem em evidência em algum veículo midiático. Simplesmente para serem exibidos como troféus para a sociedade. Não sou contra àqueles que sabem dosar e propiciam aos filhos momentos de lazer, de serem de fato crianças. Mas, sou contra pais que tiram a infância dos filhos e que se beneficiam com isto à qualquer custo. Mesmo que jurem que não têm esta intenção. 

Sou contra alunos que se posicionam como clientes e chegam ao ápice da falta de bom senso ao dizer. "Estou pagando, pago o seu salário". Graças a Deus nunca aconteceu comigo. No ambiente educacional não deve haver esta premissa. O conhecimento não se adquire com um cheque e sim com estudo e reflexão. 

Jovens também estão se transformando em empresas fitness no Instagram. Agora os likes também representam money. Até quando surgir alguém mais bonito e mais curtido. Não esqueça o prazo de validade que é implacável. É bom lembrar que os patrocinadores não esquecem jamais. 

E nesta metamorfose ambulante caminha a humanidade. A linha é tênue em ser uma empresa ou um produto. Uma afirmação cruel? Nem tanto. Depende da perspectiva. 

Stefan