domingo, 23 de julho de 2017

O perdão de Judas



A Cruz, talvez, seja tão pesada porque assim a colocamos em uma quimera repleta de devaneios.

Com um beijo, o homem o traiu.
Após uma amizade construída, um outro homem o negou três vezes.
Qual a diferença entre estes dois homens perante a humanidade?

Um foi perdoado e é o fundador da igreja. O outro é o eterno traidor.
O arrependimento tomou conta de Judas de forma tão intensa que ele tirou a própria vida. Isto ninguém fala. Geralmente, param na parte do beijo. As moedas de ouro não tiveram nenhuma serventia para ele.
Pedro negou Cristo três vezes demonstrando seu medo diante dos inquisidores. Posteriormente, também se arrependeu e se revelou indigno de ser crucificado como seu Mestre. E assim o crucificaram de cabeça para baixo.

Todos falharam, mas Cristo em sua infinita bondade os perdoou até mesmo antes de sua morte.
E a humanidade insiste em não seguir seu exemplo. O perdão alivia a Cruz de todos.
Mas que Cruz é esta que todos insistem em carregar e a tornar tão pesada em uma existência tão efêmera? Muitas vezes quem a constrói é o ser humano imperfeito, se vitimando, se acovardando, prejudicando os outros e criando seus próprios tormentos.

Assim como Rodion Romanovitch Raskolnikov, personagem principal da obra de Dostoiesvski, Crime e Castigo, há muitos atormentados nesta sociedade vil, que cometem seus atos de monstruosidade. Ao contrário do jovem estudante do clássico russo, muitos multiplicam suas ilicitudes se esquecendo das demais e as apinhando em uma montanha de pecados do cotidiano. A espiação é o caminho de muitos e ela se manifesta das mais diferentes formas. Personalizada nos termos mais atuais e não menos adequada a cada indivíduo pérfido. Sendo assim, apenas acredito na Justiça Divina. Esta obra, na Rússia, é recomendada nas escolas para os jovens. Aqui no Brasil deveria ser também. Um choque de realidade na juventude é um bom remédio.

Mudando de assunto, resolvi fazer uma pausa nos telejornais, pois tenho pressa de acordar deste pesadelo e rogo que chegue logo as eleições diretas.
Tenho apreço por filmes de terror, mas só de vez em quando. Todos os dias é demasiado exagero e a minha impressão é que tudo isto não passa de uma grande encenação entre poder e mídia que já passou da hora de acabar, como todo filme B. Apesar dos efeitos na população serem bem realistas.

Há quem esteja queimando o Judas até hoje. Certamente não olhou para o Congresso. E talvez não olhou para si mesmo. E eis que aqui estou falando de política. Hora de parar.
Em tempos de tanto ódio e polarização política estes são os piores devaneios.
Confesso que fiz uma pequena jornada até aqui, mas como sempre, vale a reflexão.
Encerro este texto numa manhã fria e agradável de domingo.
E que a semana seja boa!

Stefan









2 comentários:

  1. A reflexão e o autoconhecimento deveriam estar entre as prioridades do ser humano, antes de tudo... o que dizer do outro se ainda não me conheço em totalidade? Mais um belo texto, sempre com bons conteúdos agregando conhecimento e auxiliando na busca do crescimento pessoal. Boas leituras fazem bem ao intelecto, parabéns Stefan!

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  2. Obrigado Nilton! Gostei do comentário. Você vai longe!

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