Acordei certa manhã e me encontrei em um mundo que não me
pertence mais. Rodeado de pessoas arcaicas e hipócritas revestidas de uma
ignorância singular. Pensei em mudar de país, mas notei que essa ignorância é
característica inerente ao mundo nesta época peculiar onde ditadores
disfarçados de bem feitores estão ganhando multidões e eleições.
Levantei e me deparei com a violência sem precedentes, a
ganância prevalecendo sobre o amor e as rajadas de balas sobre a multidão.
Caminhei e presenciei um ser humano acabar com a vida de crianças lançando fogo
sobre o álcool e multiplicando o sofrimento de mães na porta de uma creche.
Seres inocentes morreram por um momento de insanidade e
maldade. Não conhecemos mais ninguém. Tudo é tão obscuro, tão perverso que
quando a máscara cai só resta as lágrimas e a expressão de horror naqueles que
presenciam o ódio.
Tentei seguir em frente, mas os prognósticos futuros só
mostram os alienados que querem apostar em falsos líderes que chamam de mitos.
Incapazes de perceber a onda de ódio que está assolando o país.
Os focos verdadeiros não ganham a atenção devida. É
preferível desviar a atenção e os debates para um museu e uma expressão de arte
que é insignificante para o mal que toma conta do país como o aumento constante
da desigualdade e da injustiça social, da fome, do desemprego, das filas nos
hospitais, da falta de verba para a educação, da entrega da Amazônia, dos impostos
abusivos, dos acordos de delação que mais parecem férias remuneradas nas
Bahamas.
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O mundo está doente e a enfermidade maior se chama
ignorância e o sintoma maior se chama passividade. Nada surpreende mais porque
pagaremos a conta sem questionar no final. Mais um imposto é como mais uma
droga para quem está entorpecido com tanta substância letal.
Querem permitir que o Brasil se transforme em terreno da
mesma extrema-direita que assombrou Charlottesville na Virgínia, com tochas
contra negros, gays, imigrantes e judeus. Totalitaristas e poder é uma
combinação mais perigosa que fogo e querosene. Já estão falando em censuras até
com shows de música. Querem retornar aos censores débeis, a intolerância, ao
abuso de poder e exílio dos que resistem. Querem dar vivas ao retorno da
ditadura.
A hipocrisia disfarçada de religião ganhou seu ápice nos
representantes da “boa família” que estão no Congresso. Os mesmos que insistem
em propagar as curas para certos grupos, mas incapazes de olhar as traves e
traves nos próprios olhos que insistem em julgar os outros. A Bíblia nas mãos
destes farsantes ganhou traduções perversas. Como no Livro de Eli, aquele que detém
o poder do livro controla massas. Este era o lema do vilão. E a grande lição de
Jesus Cristo foi que amássemos o próximo. Entenderam errado.
Cenários obscuros se instalaram em um caos de raízes profundas
que parecem não ter limites. Não há o que dizer sobre o futuro, pois a energia
está fixada no negativo há tempos. Pessimismo é mato diante destas
transgressões.
Simplesmente lamentável e desesperador o mundo atual em que vivemos, realmente a grande lição de amar o próximo não foi bem entendida, ou pelo menos a grande maioria prefere não praticar. Este belo e triste texto retrata de forma real e fria atos e comportamentos atuais que nos enojam, nos envergonham, nos causam repúdio nos mais diversos aspectos da sociedade em que estamos infelizmente inseridos e lutando a duras penas para evitar que nos contaminem com toda essa maldade à solta ao nosso redor. Parabéns Stefan, por mais essa reflexão que nos proporcionou, são fatos, comportamentos e aspectos da sociedade que devemos conhecer detalhadamente, realmente sentir apesar do repúdio que nos invade, buscando assim cada vez mais formas e meios de nos afastar dessa podridão, somente assim conhecendo, e buscando resgatar os valores e a ética que se perdem cada vez mais será possível combater esses acontecimentos negativos que caminham a passos largos em nossa sociedade. Abraço!
ResponderExcluirObrigado Nilton! Fico feliz que você esteja se tornando, além de um grande profissional, uma pessoa capaz de refletir sobre os males que têm ganhado espaço neste mundo de hoje. Refletir é necessário, pois somos agentes fundamentais para melhorar este cenário doentio.
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