quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A dor invisível

Johnny Cash - Hurt
Cada indivíduo está aqui buscando algo. Muitos dizem: eu não pedi para nascer. Mas, do ponto de vista espírita você pode sim, ter pedido para nascer. Do ponto de vista filosófico, a frase colocada sobre o portão de entrada do santuário dedicado ao deus Apolo, patrono da sabedoria, diz muito sobre nós. Nosce te ipsum – Conhece-te a ti mesmo.
Sócrates foi em busca desta resposta e quando o oráculo perguntou-lhe: “O que você sabe?” Ele respondeu. “Só sei que nada sei”.

Eis que o oráculo responde: “Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe”. Por isso, Sócrates é o patrono da Filosofia. A busca pelo conhecimento, pela razão, muitas vezes é sofrida, muitas vezes é uma dor. E o conhecimento vem carregado de responsabilidades. Por isso muitos se afastam. Não querem pensar demais. Enxergam a razão como um fardo e se concentram numa busca vazia pela felicidade.
Não é possível viver uma eterna felicidade, pois a felicidade se constitui de momentos. Eis que nós, mortais, passamos a vivenciar as mais intensas emoções. Algumas nos doem, outras nos alertam, nos motivam e há aquelas que nos angustiam. Uma sensação invisível e imperceptível aos olhos externos, mas nos incomoda profundamente.
O escritor Franz Kafka nos faz refletir dizendo, “Você não sabe a energia que reside no silêncio”. Muitos que passam pela depressão se fecham e esta energia armazenada pode ser prejudicial. Ela também pode ser positiva se usada com sabedoria. Quantas obras literárias, músicas, expressões da arte foram feitas por pessoas que sofriam? Inúmeras. A depressão, neste caso, foi usada como um motor, como motivação para a transformação. Como forma de achar um caminho...
Há quem encontre.

*A música "Hurt" de Johnny Cash me inspirou neste texto.

* Trechos do livro Convite à Filosofia de Marilena Chaui. 

2 comentários:

  1. Muito pertinente a reflexão. A dor pode ser um alicerce de grandes feitos humanos. Cabe ao ser que sofre conhecer a si mesmo e fazer bom uso de si (e de seu sofrimento) para crescer e produzir.

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  2. Exatamente esta foi a mensagem que quis passar, Pedro! Fico feliz que tenha lido!

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