Repentinamente, enquanto degustava seu vinho de quarta-feira.
Um ataque fulminante no coração o levou.
Na sua sala, vestido com seu pijama velho e desbotado.
A morte lhe passou a perna.
O vaidoso Arnaldo nem ao menos se vestiu apropriadamente.
Não teve chance.
Se tivesse, vestiria sua melhor camisa para ocasião, pentearia os cabelos,
passaria perfume.
A morte não pediu licença.
Entrou e levou Arnaldo sem cerimônia.
Esticado no chão da sala, torto e com o rosto no chão.
Pernas desajustadas, foi assim encontrado por Marta, sua empregada.
Sem vida, olhos esbugalhados.
Cecília o viu logo depois. Ainda daquele jeito.
Não o reconheceu. Era outro homem, não o seu irmão.
Um trapo, jogado na sala de Arnaldo.
Após ser recolhido, somente sobrou a taça.
Intacta.
Com aquele vinho Chinon pela metade. Era mesmo seu irmão.
E ali ficou alguns dias, para Cecília alimentar suas lembranças.
Do irmão solteiro que lhe dava conselhos e a ouvia nas noites de tristeza.
Um souvenir do boêmio da Lapa.
Manteve a taça no mesmo local, com o último gole de Arnaldo.
O último prazer. A última taça.
A morte não pede licença.
Leva sem cerimônia.
Stefan
E a morte é assim mesmo... Quantas pessoas morrem sem saber o final de uma série que acompanhava há anos? Quantos morrem sem chegar à casa de seus amores? A morte nos pega no meio da vida...
ResponderExcluirÉ verdade! Espero morrer somente depois de ver todos os episódios das minhas séries que são muitas. Do contrário seria muito frustrante. O bom da vida é nunca saber quando a morte vai surgir.
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