quinta-feira, 13 de abril de 2017

Censurar o censurável


Na época da ditadura o censor era a pessoa que cortava informações que não estavam de acordo com as diretrizes do governo militar. Notícias não eram publicadas, tudo tinha que ser comunicado nas entrelinhas. Um momento triste da história do Brasil.
No século XXI a coisa se inverteu. As informações estão em qualquer lugar e você é bombardeado por uma infinidade de notícias.
Tudo que atrai cliques é notícia, inclusive, pois estes cliques significam dinheiro em tempos de internet. E isso banaliza um monte de coisas. Para alguns portais, a mulher fruta lendo qualquer porcaria na praia é digna de destaque na primeira página.

O culto ao corpo vale mais do que uma informação relevante. Músculos, bundas, seios e tudo que tem conotação sexual é produto a ser vendido. E não só isso. Informações irrelevantes como estudos científicos sem credibilidade são reproduzidos constantemente pela mídia sem o menor aprofundamento. Recomendo a leitura do artigo intitulado "Ciência vive uma epidemia de estudos inúteis" publicado em janeiro deste ano pelo jornalista Nuño Rodrigues do El País. No artigo, o autor cita uma pesquisa da Nature, onde 90% dos cientistas reconhecem que existe uma crise de reprodutibilidade na ciência. É um ciclo em que revistas científicas propagam estudos, que na verdade são muitas vezes, falácias sem comprovação. E a mídia adora propagar em seguida.
 
Para quem deseja sair desta bolha, basta assumir uma postura ativa e crítica diante destes bombardeios de inutilidades. Você pode ter um controle do que assiste, acessa, buscar fontes mais confiáveis e não acreditar em tudo que sai na mídia. O indivíduo tem o poder de censurar inutilidades, mentiras, censurar o censurável.

Stefan

Link do artigo:
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/10/internacional/1484073680_523691.html

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