quinta-feira, 20 de abril de 2017

Nelson Rodrigues é tragédia. É dedo na ferida


Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico pernambucano. 
Polêmico para todos os tempos.  
Tudo é denso, tudo é Dostoievski,
com sua visão trágica da existência e da sociedade. 

"De gente burra só quero as vaias", dizia.
Escrevia sobre o amor e a complexidade do ser humano.
Um ser complexo com suas tragédias próprias,
perdas e mais perdas,
até uma filha cega teve. 

Foi repórter de polícia aos 13 anos,
viu um delegado chutar uma mulher, 
por ser negra e grávida. 
Se deparou com a desgraça muitas vezes. 
E, de cigarro em cigarro, a trouxe para suas crônicas e personagens. 

Dizia, "toda mulher bonita é um pouco namorada lésbica de si mesma".
A caneta em suas mãos era mais mortal do que uma luger. 
Caía como a morte sobre o moralismo. 

Se dizia ex-covarde, mas para escrever o que escreveu,
haja coragem. 
A hipocrisia burguesa era seu foco de dramaturgo. 

O que diria das feministas hoje?
Um homem que disse: "Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais. As neuróticas reagem".
Seria queimado vivo em praça pública em pleno século XXI. 

Chocou multidões,
mas foi lido, 
foi assistido. E muito. 
Pela população que o queria queimá-lo. 
Marcá-lo com a letra escarlate. 
A multidão que ainda o lê. 
Vá entender! 

Essa é a vida. A vida como ela é. 

Stefan




Nenhum comentário:

Postar um comentário