segunda-feira, 17 de abril de 2017

O padecer do Rock


É triste ver os nossos ídolos saindo de cena. 
Alguns morreram jovens e deixaram sua marca na história de um gênero que está chegando ao fim. 
Num mundo líquido, onde tudo tem prazo de validade o gênero não tem mais força. 
Não haverá um novo Rolling Stones, pois nenhuma banda dura na mídia mais do que dois anos. E os caras estão na estrada há quase 60 anos. 
O rock emergiu numa geração que colocava a música no pedestal. Era a coisa mais revolucionária, contra a moralidade extrema e que carregava a bandeira da liberdade e em seguida de protesto. 
Hoje, quem está no pedestal é o smartphone e as redes sociais. O importante é curtir e ser curtido e no dia seguinte começar tudo de novo. Não há tempo para uma reflexão, para a construção de uma música como Bohemian Rhapsody, pois as pessoas não chegariam até o fim da melodia. O whatsapp vai piscar e o cidadão tem que visualizar logo quem é que está mandando mais uma futilidade. 
Os verdadeiros fãs remanescentes vão viver de memória. Já me vejo dizendo para as próximas gerações que no ano tal fui num show de Paul Mccartney, um ex-beatle. Será para eles como se eu tivesse conhecido Mozart ou Beethoven. Os caras têm um peso enorme na música e isso se elevará a 15ª potência. 
A nova geração que curte a boa música até tenta continuar com o legado do Rock, mas a verdade é que a sociedade não dá chance. Os tempos são outros. A tecnologia virou a própria sociedade, o que a torna cada vez mais insensível. 
Não há composições originais como de antes, e nisto eu sinto ser saudosista. Mas também há um gostinho de privilégio ao ver o efeito manada do sertanejo universitário, enquanto eu vivo a essência do Rock n' Roll. Quando essa turma amadurecer e cair na real, entender que viveram na época em que os caras estavam vivos e não vivenciaram o som e os shows, será tarde demais. 
As bandas de pub só tocam os sucessos do passado. 
O passado já se prolonga e é revivido antes mesmo do final absoluto. Do Armagedon. 
Os caras estão se aposentando e o público ficará órfão. 
É triste ver a debilidade alcançando os integrantes do ACDC, os anúncios de uma final tour do Black Sabbath, a indecisão do Aerosmith sobre fazer ou não a última turnê, o adeus de Chuck Berry...
A idade chega para todos e eles também cansam. Que pena! 

Stefan


 

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