segunda-feira, 6 de março de 2017

O que está por trás da ignorância refletida em selfies?

Foto: Blog do BG
Lincoln Zarbietti (O Tempo
)
Na semana passada com a saída do goleiro Bruno do presídio, o comportamento de algumas pessoas foi observado. O motivo da observação foi justamente as selfies tiradas com Bruno, um homem que ficou preso durante 6 anos e 7 meses pelo assassinato de Elisa Samúdio. O que faz um ser humano admirar um indivíduo que tirou a vida de uma pessoa a ponto de se fotografar com ela?

Sem dúvida, isso vai além do registro. Desde a invenção das câmeras frontais nos celulares, as selfies ganharam a rede. Há pessoas que se acidentaram tentando fazer uma selfie bacana, há pessoas que morreram pelo registro, existem situações que beiram a imbecilidade e morbidade quando tiram fotos com defuntos em pleno velório. Enfim, se você digitar selfies bizarras no google vai se assustar com a total falta de noção de certas pessoas.


Li uma frase de Humberto Eco que talvez nos ajude a entender esta completa falta de bom senso de alguns seres. “A arte só oferece alternativas a quem não está prisioneiro dos meios de comunicação de massa”. Eu acredito que a maioria das pessoas são prisioneiras dos meios de comunicação de massa e por isso tem esta necessidade de estarem sempre em destaque. O século XXI nos mostra que não somente os artistas, jornalistas, formadores de opinião, educadores tem voz. Mas, infelizmente, pessoas sem o menor preparo, sem o menor nível de instrução também querem fazer parte do jogo e por isso a internet é contemplada com muitas publicações que viram deboche, piadas temporárias. E isso não se refere a apenas uma ou outra classe, mas é geral.

Foto Record
As pessoas querem ser vistas, querem ser curtidas. O problema é que algumas fazem de tudo para isto. E sem o menor critério. Se o dia está monótono, vão para frente do espelho e disparam mil fotos para escolher uma. A falsa felicidade está ali exposta e muito curtida. Um novo fôlego para o dia.

Ver de perto um indivíduo que está o tempo todo na televisão, mesmo por uma atrocidade cometida, rodeado por repórteres, advogados e curiosos, faz com que algumas pessoas, em seu universo particular identifiquem isto como uma espécie de oportunidade. “Vou tirar a foto com ele e mostrar para a família e amigos”. Essa necessidade de ter algo diferente para publicar todo dia nas redes sociais é que ocasiona este tipo de situação.

Quando falam que o Brasil é um país sem memória, na maioria das vezes faz sentido.
E assim caminha a humanidade. Postando e postando sem saber o que posta.


Stefan

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