Foto: Blog do BG Lincoln Zarbietti (O Tempo) |
Na semana passada com a saída do goleiro Bruno do presídio,
o comportamento de algumas pessoas foi observado. O motivo da observação foi
justamente as selfies tiradas com Bruno, um homem que ficou preso durante 6
anos e 7 meses pelo assassinato de Elisa Samúdio. O que faz um ser humano
admirar um indivíduo que tirou a vida de uma pessoa a ponto de se fotografar
com ela?
Sem dúvida, isso vai além do registro. Desde a invenção das
câmeras frontais nos celulares, as selfies ganharam a rede. Há pessoas que se
acidentaram tentando fazer uma selfie bacana, há pessoas que morreram pelo
registro, existem situações que beiram a imbecilidade e morbidade quando tiram
fotos com defuntos em pleno velório. Enfim, se você digitar selfies bizarras no
google vai se assustar com a total falta de noção de certas pessoas.
Li uma frase de Humberto Eco que talvez nos ajude a entender
esta completa falta de bom senso de alguns seres. “A arte só oferece alternativas a quem não está prisioneiro dos meios
de comunicação de massa”. Eu acredito que a maioria das pessoas são
prisioneiras dos meios de comunicação de massa e por isso tem esta necessidade
de estarem sempre em destaque. O século XXI nos mostra que não somente os
artistas, jornalistas, formadores de opinião, educadores tem voz. Mas,
infelizmente, pessoas sem o menor preparo, sem o menor nível de instrução
também querem fazer parte do jogo e por isso a internet é contemplada com
muitas publicações que viram deboche, piadas temporárias. E isso não se refere
a apenas uma ou outra classe, mas é geral.
Foto Record |
As pessoas querem ser vistas, querem ser curtidas. O
problema é que algumas fazem de tudo para isto. E sem o menor critério. Se o
dia está monótono, vão para frente do espelho e disparam mil fotos para
escolher uma. A falsa felicidade está ali exposta e muito curtida. Um novo
fôlego para o dia.
Ver de perto um indivíduo que está o tempo todo na televisão,
mesmo por uma atrocidade cometida, rodeado por repórteres, advogados e
curiosos, faz com que algumas pessoas, em seu universo particular identifiquem
isto como uma espécie de oportunidade. “Vou
tirar a foto com ele e mostrar para a família e amigos”. Essa necessidade de
ter algo diferente para publicar todo dia nas redes sociais é que ocasiona este tipo de situação.
Quando falam que o Brasil é um país sem memória, na maioria
das vezes faz sentido.
E assim caminha a humanidade. Postando e postando sem saber
o que posta.
Stefan
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