quarta-feira, 1 de março de 2017

Publicações burocráticas e dica de filme

Cena do filme "O Homem que viu o infinito"
Neste carnaval chuvoso, assisti ao filme “O Homem que viu o infinito” sobre Srinivasa Ramanujan, gênio da Matemática indiano que construiu seu saber de forma autodidata e realizou grandes contribuições na área.
Um homem que rompeu as fronteiras de seu país sendo aceito na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, para publicar seus feitos na área de Matemática, tendo como mentor o Prof. G. H. Hardy.

O filme mostra a luta de Ramanujan para publicar seus feitos, mas também nos mostra um lado sombrio da academia. O ego de professores preconceituosos que não admitem a genialidade de Ramanujan e fazem de tudo para conter seu ímpeto.
Na mesma semana assisti a um vídeo do filósofo Luis Felipe Pondé, em que ele fala sobre quantas produções acadêmicas de pós-graduação são qualificadas como importantes dentro do meio, mas totalmente irrelevantes no debate exterior a academia. Produções restritas ao meio acadêmico e que as pessoas não tomam conhecimento porque esses periódicos só circulam dentro deste espaço. Resumindo, ele diz que são produzidos relatórios que as pessoas não lêem, mas que pontuam, e se você não faz isto você não sobrevive no sistema. Segundo Pondé “o sistema privilegia uma burocracia da produtividade em detrimento de uma produção mais relevante porque é preciso produzir métricas para assegurar esta qualidade”. Isto impacta pelo fato de muitos alunos já entrarem na pós-graduação preocupados com a carreira, portanto já entram visando a pontuação e servindo a este grande Sistema.
Concordo com o filósofo neste ponto, pois penso também que a pós-graduação deve servir antes de tudo aos interesses e inquietações que as pessoas possuem em relação ao conhecimento e não somente num processo de alimentação burocrático do sistema.
Ramanujan - gênio da matemática

Retornando ao filme, Ramanujan consegue superar os obstáculos e comprova suas realizações, tornando-se membro da Sociedade Real das Ciências, um importante título no meio acadêmico. Mas, o que mais importava para o indiano era exatamente a contribuição que estava dando em sua área de saber. Um conhecimento de grande relevância para a humanidade. Portanto, a pós-graduação deve ter como fruto de trabalho uma pesquisa relevante para uma aplicabilidade e não somente visando uma pontuação sistemática.



Encerro este texto com um pensamento de Franz Kafka “Apenas se deveriam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo? ”
Que surjam mais produções relevantes para uma evolução maior para todos. 

Link do vídeo do filósofo Luis Felipe Pondé:
https://www.youtube.com/watch?v=8BR301tjszY



  

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