segunda-feira, 22 de maio de 2017

Quando o comediante chora...



Sem dúvida, a profissão mais difícil e desafiante de todos os tempos é a de comediante. Fazer uma plateia dar gargalhadas não é tarefa fácil. Ser comediante é nascer comediante. É um dom e poucos sabem usar esta habilidade. Além do mais, é ter que fazer os outros rirem mesmo quando se quer chorar.

Lembro-me como se fosse ontem do dia em que passei mal de rir com um filme. É importante explicar este passar mal. Era inacreditável. Eu chorava de rir, meu estômago dançava no meu organismo. O responsável era um ator baixinho, peludo e que falava muito rápido. Seu nome: Robin Williams. O filme: Uma babá quase perfeita.
É uma memória que carrego da minha infância. Tinha uns oito ou nove anos e sempre que vejo este filme me recordo daquela noite, assistindo Tela Quente.

Escrevo este texto, caro leitor, porque ontem assisti a mais um filme clássico de Robin Williams. Já tinha assistido nos tempos de colégio, porém filmes bons a gente assiste mais de uma vez. O Pescador de Ilusões, é sem dúvida uma obra-prima. E me deparei, mais uma vez, gargalhando em uma cena no restaurante. Williams, de forma sutil, nos faz rir em uma cena singela comendo comida oriental e fazendo uma bagunça com os outros personagens.

Foram tantos filmes marcantes na sua carreira que é impossível assistir somente uma vez. Sociedade dos Poetas Mortos é esplendido, Patch Adams emocionante, Gênio Indomável reflexivo, Amor além da vida metafísico, Tempo de despertar impressionante, Bom dia Vietnã magnífico, Hook - A volta do Capitão Gancho espetacular.

Nas décadas de 80 e 90 Robin dominou tudo. Não existiu nenhum comediante com o raciocínio mais rápido que ele. O único que conseguia emendar uma piada na outra e fazer você rir de duas situações ao mesmo tempo sem sequer digerir a primeira. Ele falava tão rápido que bagunçava o cérebro do espectador, causando espasmos de risos no público. David Letterman que o diga: o recebeu mais de 50 vezes em seu talk show. Era audiência na certa.

Mas, voltando ao início do texto, o que acontece quando se vive um drama e tem que ser engraçado? Este é o dilema da maioria dos que se aventuram no mundo do humor. É literalmente ignorar o estado de espírito. Ligar o foda-se para as emoções interiores.

O dia 11 de agosto de 2014 foi uma das datas mais tristes para os amantes da sétima arte. Um dos maiores atores de todos os tempos, morria neste dia. E a causa: suicídio. Enforcou-se em sua casa.

O homem que fez milhões rirem se entregou ao pior destino. Um final difícil de aceitar. Difícil de acreditar.

Será que Williams somente voltou à terra como pó ou sua alma vaga em outro plano? Será que Deus teve misericórdia? Ou não?

A vida não é fácil para ninguém, principalmente para os comediantes que devem nos fazer rir mesmo quando querem chorar.

Stefan Willian



4 comentários:

  1. Mais um filme maravilhoso que Robin Williams atuou foi "Patch Adams - o amor é contagioso". Realmente uma perda lastimável, fruto dessa doença terrível que assola a humanidade: a depressão. Bela homenagem!

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  2. A lembrança de um sorriso recebido é um santo remédio!

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