domingo, 28 de maio de 2017

Que proliferem os sebos!


Caro leitor, 
neste texto peço permissão para ir na contramão da sociedade tecnológica. É mais que um dever cívico e de professor falar sobre a importância dos sebos. 
Para quem não está familiarizado com a palavra sebo, segue a tradução: é uma livraria onde se compram e vendem livros usados. 
Por que eu prefiro os sebos às livrarias? Simples, quando o leitor vai a um sebo ele assume a posição de aventureiro, um explorador de terras desconhecidas. Numa livraria você tem as seções bem definidas: Romance, Educação, Religião, Filosofia, Infantil, Estrangeiros e por aí vai. 

Já no sebo você tem que explorar o local à procura do livro do seu interesse. Além de apurar a qualidade da obra escolhida, ou seja, se tem de fato condições de leitura. E muitas vezes você encontra obras fantásticas por um preço bem mais em conta do que se cobra nas livrarias. Uma ida a um sebo é uma aventura fantástica e os tesouros que você se depara são os grandes pensadores e escritores que nos levam a cenários magníficos e inusitados como Machado de Assis, Oscar Wilde, Jean Paul Sartre, José Saramago, Tolkien, James Joyce, Nelson Rodrigues...

É inconcebível ver pessoas tão críticas em tempos de internet, mas que não têm o hábito de ler. Críticas vazias e infundadas. Não podemos aplaudir os haters. É tempo de sair da letargia da ignorância e começar a ler. Se cada brasileiro lesse dois livros por mês, não estaríamos vivendo esta barbárie de corrupção e ineficiência administrativa. A educação deve estimular o processo reflexivo.  

Nas escolas, os alunos enxergam a leitura como obrigação devido as atividades submetidas. O livro vem sempre acompanhado de uma tarefa às vezes fora de hora que é um resumo, resenha ou uma prova de múltipla escolha. Isto pode afastar o aluno. Difícil uma reflexão mais aprofundada quando a atividade é cercada de instrumentos avaliativos que colocam a leitura em segundo plano, dando lugar aos pontos. É óbvio que é importante saber elaborar uma resenha, mas primeiro é primordial estimular a leitura e não transformá-la numa prática condicionada e até mesmo enfadonha. O primeiro passo sempre é o estímulo.

Para Umberto Eco "a leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã ou nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional".

Isto é fato. Alguns mecanismos tecnológicos como o Kindle aproximaram a leitura da juventude. O importante é ler, não importa o meio. Particularmente, prefiro o livro. Gosto tanto do livro novo, quanto do livro usado e suas páginas amareladas. É uma viagem no tempo ler Machado de Assis num livro antigo, que também vai te levar a outro século. Que proliferem os sebos!

Àqueles que não gostam de ler: preste pelo menos um serviço à sociedade e passe para frente alguns livros que estão parados na estante. Talvez, obras que foram herdadas e não têm serventia para o seu brazilian way of life

Assim todos ganham. Principalmente, nós leitores e os livros que não ficarão presos como pássaros em gaiolas. 


Como diz Mario Sérgio Cortella: "É tempo para o conhecimento!"


Stefan Willian

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