Caro leitor,
neste texto peço
permissão para ir na contramão da sociedade tecnológica. É mais que um dever
cívico e de professor falar sobre a importância dos sebos.
Para quem não está
familiarizado com a palavra sebo, segue a tradução: é uma livraria onde se
compram e vendem livros usados.
Por que eu prefiro os
sebos às livrarias? Simples, quando o leitor vai a um sebo ele assume a posição
de aventureiro, um explorador de terras desconhecidas. Numa livraria você tem
as seções bem definidas: Romance, Educação, Religião, Filosofia, Infantil,
Estrangeiros e por aí vai.
Já no sebo você tem
que explorar o local à procura do livro do seu interesse. Além de apurar a
qualidade da obra escolhida, ou seja, se tem de fato condições de leitura. E
muitas vezes você encontra obras fantásticas por um preço bem mais em conta do
que se cobra nas livrarias. Uma ida a um sebo é uma aventura fantástica e os
tesouros que você se depara são os grandes pensadores e escritores que nos
levam a cenários magníficos e inusitados como Machado de Assis, Oscar Wilde,
Jean Paul Sartre, José Saramago, Tolkien, James Joyce, Nelson Rodrigues...
É inconcebível ver
pessoas tão críticas em tempos de internet, mas que não têm o hábito de ler.
Críticas vazias e infundadas. Não podemos aplaudir os haters. É
tempo de sair da letargia da ignorância e começar a ler. Se cada brasileiro
lesse dois livros por mês, não estaríamos vivendo esta barbárie de corrupção e
ineficiência administrativa. A educação deve estimular o processo reflexivo.
Nas escolas, os
alunos enxergam a leitura como obrigação devido as atividades submetidas. O
livro vem sempre acompanhado de uma tarefa às vezes fora de hora que é um
resumo, resenha ou uma prova de múltipla escolha. Isto pode afastar o aluno.
Difícil uma reflexão mais aprofundada quando a atividade é cercada de
instrumentos avaliativos que colocam a leitura em segundo plano, dando lugar
aos pontos. É óbvio que é importante saber elaborar uma resenha, mas primeiro é
primordial estimular a leitura e não transformá-la numa prática condicionada e
até mesmo enfadonha. O primeiro passo sempre é o estímulo.
Para Umberto Eco
"a leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã ou nenhuma
tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional".
Isto é fato. Alguns
mecanismos tecnológicos como o Kindle aproximaram a leitura da juventude. O
importante é ler, não importa o meio. Particularmente, prefiro o livro. Gosto
tanto do livro novo, quanto do livro usado e suas páginas amareladas. É uma
viagem no tempo ler Machado de Assis num livro antigo, que também vai te levar
a outro século. Que proliferem os sebos!
Àqueles que não
gostam de ler: preste pelo menos um serviço à sociedade e passe para frente
alguns livros que estão parados na estante. Talvez, obras que foram herdadas e
não têm serventia para o seu brazilian way of life.
Assim todos ganham.
Principalmente, nós leitores e os livros que não ficarão presos como pássaros
em gaiolas.
Como diz Mario Sérgio
Cortella: "É tempo para o conhecimento!"
Stefan Willian
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